Às vésperas de enfrentar o julgamento do seu processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por irregularidades cometidas durante as eleições de 2022, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), tem adotado uma postura cada vez mais agressiva em suas aparições públicas. Em agendas oficiais do governo, que deveriam estar voltadas à administração do estado, o governador tem direcionado discursos inflamados contra adversários políticos e tentado desqualificar as acusações que pesam contra ele.
Foi exatamente o que se viu nessa quarta-feira, 7, durante um evento oficial do Governo destinado à entrega de ordens de serviço para reformas de moradias na Escola Estadual Militarizada Dr. Ritller de Lucena. Diante de um público de mais de 160 famílias, servidores comissionados e secretários de Estado, o governador Antonio Denarium usou o palanque institucional para tentar justificar as irregularidades eleitorais que lhe são atribuídas — e, ao mesmo tempo, disparar ataques contra a condução política de seus adversários. Tudo isso em um ato oficial financiado com recursos públicos, transmitido ao vivo pelo instagram, o que reforça a crítica de que o chefe do Executivo tem se valido da máquina estatal para promover sua defesa pessoal.
Essas atitudes do chefe do Executivo têm sido cada vez mais recorrentes, diante da possível inclusão do processo na pauta dos próximos dias. Fontes próximas à presidente Carmen Lúcia afirmam que ela tem interesse em julgar todos os recursos das eleições de 2022 até o recesso do meio do ano. Denarium foi condenado pelo TRE-RR por abuso de poder econômico, compra de votos e uso indevido da máquina pública.
O portal Macuxirr consultou dois especialistas em direito eleitoral sobre a legalidade desses discursos durante eventos oficiais do Governo, pagos com recursos públicos. Eles veem com preocupação o comportamento do governador. “É grave quando um chefe do Executivo mistura, de forma tão explícita, suas defesas jurídicas com atos administrativos. Isso pode configurar abuso de poder e até reforçar os elementos do próprio processo que o ameaça”, afirma um jurista ouvido pela reportagem.
